quinta-feira, 27 de agosto de 2009

JETHRO TULL - O INÍCIO - 1968




Os Primeiros Tempos
Roy Eldrigde

A música do Tull tem sido parte de minha vida por quase tanto tempo quanto tem feito parte da vida de Ian. Eu a ouvi pela primeira vez no rádio, por intermédio de John Peel e da Rádio ‘One’. Conheci John Peel quando eu era um jornalista principiante na ‘Melody Maker’, numa época em que alguns o consideravam muito veemente, intimidador ou apenas completamente doido e, durante os últimos vinte anos ou quase, como integrante de uma gravadora que possivelmente não teria nascido se o Tull não tivesse existido.
Isso dito, iniciarei a minha interpretação da história, ao menos, dos primeiros tempos e de algumas das idas e vindas do elenco musical.
Ter o seu nome escrito erroneamente na sua primeira edição fonográfica não é o melhor prenúncio para uma longa permanência em um meio onde, geralmente, os negócios têm vida curta. Mas isso de alguma forma tornou-se apropriado para o Jethro Toe ( Jethro ‘Dedão’), como ficou estampado naquele engano de 1968. Na mesma época em que eu ouvi pela primeira vez a sua música, pela Radio ‘One’, eles estavam se preparando para o primeiro simples, por um Selo agora defunto, chamado MGM. Aquela gravação – Sunshine Day – continha o erro no nome, o que veio a valorizar a peça entre os colecionadores.
Uma mudança de nome, com certeza, não era novidade para o grupo que começou sua vida em Blackpool como ‘The Blades’. Eles vieram a Londres como ‘The John Evan Band’ tentar a sorte no circuito do Blues britânico, que estava se firmando nos clubes e nas universidades.
Nos primeiros poucos meses de sua existência, os integrantes originais John Evan, Jeffrey Hammond-Hammond e Barrie Barlow retornaram a Blackpool um pouco desiludidos, mas com certeza voltariam a fazer parte do elenco em posteriores encarnações do Jethro Tull, nome que foi imaginado por um seu agente em Londres. Pressões econômicas, mais do que pretensões artísticas, impuseram algumas das mudanças de nome naqueles tempos iniciais.
Se você grampeasse os telefones do departamento de reservas da então Agência Ellis-Wright, teria ouvido algo assim:
Agente de Reservas (para o proprietário do Clube): “Que tal a apresentação da John Evan na noite passada?”
Proprietário do Clube: “Ótima! Eles se saíram bem, dois ‘bis’.”
Agente de reservas: “Certo, você pode contratá-los novamente, mas a taxa vai aumentar no próximo mês. O primeiro disco simples vai para o mercado em breve.” Ou então:
A.R.: “Como foi a Banda John Evan ontem à noite?”
P.C.: “Terrível!”
A.R.: “Oh! Eu lamento muito. Mas não se preocupe, eu tenho um novo grupo que é muito bom; para vocês apenas 25 libras. Eles se chamam o Jethro Tull.”
A Banda John Evan que fez sucesso, e o Jethro Tull, eram um e o mesmo grupo, certamente. Esses nomes, e outros, eram usados para garantir uma agenda mais cheia para uma escalação estabelecida com Ian Anderson, Glen Cornick – os dois remanescentes de Blackpool – junto com Mick Abrahams e Clive Bunker, vindos de Luton e recomendados a Ian pelo co-gerente Chris Wrigth quando os outros componentes do grupo, não querendo se comprometer àquela altura,voltaram a Blackpool. O elenco redesenhado conseguiu fixar-se no Marquee Club de Londres, reconhecidamente um degrau importante na construção de uma base na Capital e, mais importante ainda, um meio de assegurar uma presença no Marquee’s National Jazz and Blues Festival (que viria a se tornar mais tarde o famoso The Reading Rock Festival) que então acontecia no hipódromo de Sunbury, em Kempton Park.
Refletindo a variada amplitude musical a que seu nome induz, o Festival, com três dias de duração, anunciou uma programação que incluía John Hendricks com The Ronnie Scott Quintet, The Mike Westbrook Big Band, Jerry Lee Lewis, Marmalade, Joe Cocker, Traffic, Ten Years After, Spencer Davis, John Mayall, Jeff Beck, Fairport Convention e Jethro Tull, entre outros.
Antes daquele fim-de-semana de Agosto o nome Jethro Tull já havia ‘colado’, disseminado por uma agenda mais cheia e com a gravação de seu primeiro álbum - financiado pelo compreensivo gerente bancário de seus agentes Terry Ellis e Chris Wright, que também haviam firmado um acordo com Island Records. O acordo garantia a eles um selo próprio caso conseguissem sete ‘hits’. O primeiro produto – e o primeiro ‘hit’- sob aquele acordo seria o ‘debut’ do Jethro Tull, ‘This Was’, que foi distribuído ao mercado o mais rápido possível, na sequência de seu surpreendente sucesso em Sunbury.

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* Texto traduzido por Arakem M.da Costa Bastos e revisado por Henrique A.M.Chaudon

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